Às vezes chá, saudade e poesia

“As flores do jardim da nossa casa
Morreram todas de saudade de você
E as rosas que cobriam nossa estrada
Perderam a vontade de viver”
                                                           Roberto Carlos





A luz caía e aquele livro me aguardava ao lado do abajur que enfeitava a pequena sala. Nas primeiras páginas, vi que me esperava mais um romance daqueles com um final trágico, como os da vida real. Logo, me lembrei de mim e de você. Do nosso fim.


Ainda me pergunto se ele existiu, foi uma separação improvisada pela vida. Foi afastamento, apenas. Até o vento parecia contribuir com a distancia. Nosso amor se perdeu num temporal no outono frio de cinco anos atrás.


Por onde andam nossas fotografias? Devem estar no acumulado de papéis naquele armário velho que ainda ocupa um quarto no fundo da casa, que não é mais a mesma, a vida não é mais a mesma, eu não sou mais a mesma. Me pergunto se você ainda é, mas não sei a resposta.


Ainda lembro nossos planos para o futuro. Nossa casa teria um jardim florido e sempre tocaria Roberto. Nossos filhos, um casal,  brincariam na grama esperando você chegar do trabalho. Eu viveria apenas pra vocês. Mas já dizia Renato Russo, o futuro não é mais como era antigamente. Hoje ele é vazio em meio a sala de estar.

Tento ocupar tua ausência com a presença dos livros, e me lembro do que me aguarda na mão para lê-lo. Vou matar tua ausência, vendo como mais uma pessoa superou um amor inacabado, é mais fácil seguir exemplos do que criá-los. Seguir, a palavra mais adequada para o momento. Então depois do chá e da leitura eu vou seguir em frente. Espero que você já tenha feito isso, 
que sua casa esteja sendo planejada, que tenha um jardim florido e que seus filhos escutem o Roberto. Farei o mesmo.

Com amor, 

...

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